- Livrando a Mente 💭
- Posts
- Cartografia dos sonhos perdidos
Cartografia dos sonhos perdidos
Livrando a Mente 💭 - Edição #16
Certo dia resolvi ver planos para a vida adulta que escrevi quando adolescente. Engraçado ver como nossa definição de sucesso muda com o tempo, como uma bússola que recalibra seu norte à medida que navegamos no oceano da vida.
A lista era pequena, os objetivos eram dois: ser juiz federal e ter uma Pajero Sport.
Não alcancei nenhum deles, e isso pode ter sido a melhor coisa que poderia ter ocorrido. E, acredite, não se trata de baixar expectativas diante da vida, mas de entender as que valem a pena.
Vejo que tais objetivos não poderiam estar mais desalinhados com quem sou hoje, e nem comigo daquela época, eu apenas não sabia. Como sementes plantadas no solo errado, dificilmente teria um jardim florido.
Não coloquei nada relacionado à família, à saúde ou experiências. Meus objetivos seguiam o caminho do dinheiro e status, típico de alguém que buscava aparentar sucesso ao invés de ter.
Hoje em dia, carro representa apenas uma coisa para mim, transporte. Qualquer coisa acima disso é perfumaria.
Já no trabalho valorizo naqueles que, apesar de não serem os mais bem pagos, dão mais tempo livre e liberdade. E nesse quesito, cargos de juiz não pontuam bem.
Ao comparar os planos de hoje com os do passado parecem pertencer a pessoas diferentes, o que me leva a perguntar…
Por que nossos objetivos mudam durante a vida?
Por que coisas que valorizávamos quando mais jovens tendem a ser sem valor quando envelhecemos?
Mudar de objetivo é sinal de fraqueza?
A gaiola da inflexibilidade

Não mudar de opinião é nunca aprender.
Apenas os mortos e os tolos nunca mudam de opinião.
Mudar de opinião é natural, afinal, ninguém nasce sabendo de tudo. O que seria de nós se não abandonássemos o engatinhar pelo caminhar na infância? se não deixássemos o radicalismo da adolescência em prol da maturidade da fase adulta?
Seríamos lentos, frágeis e imaturos organismos. Mudar a forma de algo é, antes de tudo, evoluir. É ter coragem de abandonar a forma de lagarta para poder voar como borboleta.
Mas se isso é verdade, por que a sociedade venera como sábio aquele que mantém opiniões inalteradas enquanto rotula de inconstante ou “vira-casaca” quem ousa mudar de ideia?
A resposta é simples: por ignorância coletiva.
Como Aristóteles sabiamente apontou, mudar de opinião é sinal de inteligência. Evoluir é reconhecer a incapacidade da atual forma de nos levar mais longe.
E o que podemos fazer para traçarmos uma jornada realmente nossa?
Eliminando tudo que te impede de ver o caminho. A dor mostra o trajeto.
Reply