Cartografia dos sonhos perdidos

Livrando a Mente 💭 - Edição #16

Certo dia resolvi ver planos para a vida adulta que escrevi quando adolescente. Engraçado ver como nossa definição de sucesso muda com o tempo, como uma bússola que recalibra seu norte à medida que navegamos no oceano da vida.

A lista era pequena, os objetivos eram dois: ser juiz federal e ter uma Pajero Sport.

Não alcancei nenhum deles, e isso pode ter sido a melhor coisa que poderia ter ocorrido. E, acredite, não se trata de baixar expectativas diante da vida, mas de entender as que valem a pena.

Vejo que tais objetivos não poderiam estar mais desalinhados com quem sou hoje, e nem comigo daquela época, eu apenas não sabia. Como sementes plantadas no solo errado, dificilmente teria um jardim florido.

Não coloquei nada relacionado à família, à saúde ou experiências. Meus objetivos seguiam o caminho do dinheiro e status, típico de alguém que buscava aparentar sucesso ao invés de ter.

Hoje em dia, carro representa apenas uma coisa para mim, transporte. Qualquer coisa acima disso é perfumaria.

Já no trabalho valorizo naqueles que, apesar de não serem os mais bem pagos, dão mais tempo livre e liberdade. E nesse quesito, cargos de juiz não pontuam bem.

Ao comparar os planos de hoje com os do passado parecem pertencer a pessoas diferentes, o que me leva a perguntar…

Por que nossos objetivos mudam durante a vida?

Por que coisas que valorizávamos quando mais jovens tendem a ser sem valor quando envelhecemos?

Mudar de objetivo é sinal de fraqueza?

A gaiola da inflexibilidade

Não mudar de opinião é nunca aprender.

Apenas os mortos e os tolos nunca mudam de opinião.

James Russell Lowell

Mudar de opinião é natural, afinal, ninguém nasce sabendo de tudo. O que seria de nós se não abandonássemos o engatinhar pelo caminhar na infância? se não deixássemos o radicalismo da adolescência em prol da maturidade da fase adulta?

Seríamos lentos, frágeis e imaturos organismos. Mudar a forma de algo é, antes de tudo, evoluir. É ter coragem de abandonar a forma de lagarta para poder voar como borboleta.

Mas se isso é verdade, por que a sociedade venera como sábio aquele que mantém opiniões inalteradas enquanto rotula de inconstante ou “vira-casaca” quem ousa mudar de ideia?

A resposta é simples: por ignorância coletiva.

Como Aristóteles sabiamente apontou, mudar de opinião é sinal de inteligência. Evoluir é reconhecer a incapacidade da atual forma de nos levar mais longe.

E o que podemos fazer para traçarmos uma jornada realmente nossa?

Eliminando tudo que te impede de ver o caminho. A dor mostra o trajeto.

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