Como Jesus destruiu o Estoicismo

A mudança veio de baixo

Imagine que sua religião preveja a chegada de um Messias, um guerreiro descendente de reis que os salvaria de todo o mal e deporia todos os falsos governantes.

A espera foi longa, passou por várias gerações de sua família, de pai pra filho, de filho para neto. Todos imbuídos de muita fé, o único caminho para a salvação.

Eis que um dia surgem boatos de sua chegada, o Messias chegara! Mas havia algumas inconsistências, o salvador não preenchia as profecias messiânicas:

• Não era descendente de reis pelo lado paterno.

• Não pregava a observância do livro sagrado da própria religião 😱.

Tal enviado, como era de se esperar, encontrou enorme rejeição e muitos não o aceitaram como Messias.

Os que não o aceitaram, continuam aguardando a chegada do Messias, seguidores do Judaísmo. Já os que aceitaram a boa nova, passaram a trilhar um novo caminho, o Cristianismo, guiado por um homem que mudaria para sempre a história da humanidade, Jesus de Nazaré.

Como era a filosofia estóica

Para entender a mudança provocada por Jesus, é importante entender como era o sistema de crenças da época, e dentro deste sistema, a resposta para a pergunta, o que acontece quando morremos?

A filosofia greco-romana era o sistema de crenças vigente na época, notadamente o estoicismo, que voltou com mais força em 100 a.C. Não buscavam a filosofia apenas como conhecer mais a fundo, mas para justificar todos os aspectos da própria vida.

Para esta corrente filosófica, o universo é governado pela razão e, por isso, é ordenado e harmonioso. A natureza segue uma ordem natural, uma forma de ser.

E o que era o homem nisso tudo?

O homem, como parte do universo/natureza, também tem suas regras, como um manual do usuário. A regra principal deste manual é viver por meio da razão, do pensamento crítico, que é a atividade própria do homem, o que nos diferencia dos animais.

Por meio da razão, entendemos nossos talentos e potencialidades. E ao percebermos no que somos bons, podemos ativamente desenvolver capacidades que já são nossas. Não a toa, a importância de nos conhecermos, pois só assim podemos nos desenvolver.

Desta forma, o homem, ao seguir suas regras pelo uso da razão (pensamento crítico), harmoniza-se com ele próprio e com o universo, pois ambos seguem regras racionais.

Estoicismo na prática

Imagine um adolescente no momento da escolha do curso para prestar vestibular. Ele sabe que ensinar é algo que ama, que o preenche; de forma que o curso de pedagogia seria o curso que mais respeitaria suas potencialidades.

Mas também lhe foi dito que poderá não ganhar tanto dinheiro quanto em outros cursos como direito, medicina, engenharia. Agora encontra-se na dúvida entre seguir seu talento ou buscar ganhar mais dinheiro.

Para o estoicismo, a conduta correta seria seguir o caminho de seu talento natural e desenvolver todo o seu potencial, ou seja, cursar pedagogia. Isso proporcionaria autorrealização e felicidade, por seguir o caminho de seu próprio manual do usuário.

Um guerreiro, exerce harmoniza-se com sua natureza ao desenvolver suas técnicas.

Uma pessoa com talento para dar aula harmoniza-se com o universo e consigo mesmo desenvolvendo suas capacidades de dar aula.

Um comerciante harmoniza-se melhorando seu ofício, desenvolvendo ao máximo seu potencial.

O que ocorre após a morte para os estoicos?

Para os estoicos, a morte era uma passagem de um estado para outro. Como o universo é harmônico e estamos dentro dele, ao falecermos, apenas deixamos de estar em uma forma e vamos para outra.

Acreditavam que quando morríamos, as partes que nos constituíam iriam fazer parte de outra coisa ou ser: uma árvore, uma pedra, um animal. Tratava-se de uma salvação impessoal, não voltaríamos nessa configuração, mas em outra.

A salvação impessoal, como se dá para notar, não é muito reconfortante, pois nunca mais seriamos quem fomos antes da morte. E foi esse o calcanhar de aquiles que levou Jesus a apresentar algo revolucionário, que o imortalizaria na história da humanidade.